A possibilidade de que mais de 3 bilhões de pessoas precisem migrar de suas cidades de origem em busca de refúgio por causa da elevação do nível dos oceanos tem sido motivo de grande preocupação mundial. Cada vez mais escutamos como as alterações climáticas podem desencadear migrações em massa, destruição da natureza e um futuro incerto para os jovens.
Estas preocupações já foram diagnósticas: são chamadas de eco-ansiedade, um termo cunhado pela American Psychology Association que diz respeito a um medo crônico da destruição ambiental irreversível. Em um estudo conduzido nos EUA, 39% dos jovens disseram ter tanta preocupação com o futuro do meio-ambiente que já planejam não ter filhos. Já a premiada Lancet Health, após conversar com quase dez mil jovens de diversos países, destacou que 75% dos jovens entre 16 e 25 anos acreditam que o futuro será assustador.
Nesse cenário, práticas como Yoga ou a meditação ao ar livre vêm crescendo, fruto da busca por uma vida mais natural. O plogging, por exemplo, prática que mistura corrida com recolhimento de lixo, é visto como uma das maiores trends fitness de 2023.
Mas como as empresas estão reagindo a estas novas demandas?
Uma das respostas do mercado veio na adesão à “Blue and Green Therapy” – o isolamento dos indivíduos em locais ermos do meio-ambiente como forma de desconexão. Retiros espirituais, incursões na mata e zonas WiFi-free vêm sendo praticados como estratégias para construir comunidades em torno das marcas. No turismo, uma tendência para 2023 é o Glamping – passeios que unem camping ao glamour, e que já estão chamando a atenção de turistas no Jalapão.
Para empresas de outros nichos, a ideia da “Blue and Green Therapy” pode ser adaptada de diversas formas. Produtos sustentáveis, orgânicos e cruelty-free estão em alta. Na moda e nas artes, o upcycling – ou seja, a reutilização criativa de produtos que iriam para o lixo – tem inspirado diversas inovações. Já no setor de serviços, há uma demanda crescente por espaços de desconexão e de proximidade com a Natureza: em São Paulo, já existem cafeterias que adotaram pets para brincarem com os clientes.
Independente do setor que sua empresa esteja, vale a pena considerar oferecer aos seus consumidores essas pequenas cápsulas sensoriais contra a eco-ansiedade. Trata-se, no fim das contas, de proporcionar uma sensação de eco-relief: se tememos pelo futuro do Meio-Ambiente, o contato com ele pode proporcionar pequenos momentos de alívio. É uma opção interessante (e muitas vezes barata) de agregar valor à marca, permitindo que os consumidores se desconectem dos seus anseios e se liguem ao natural – seja verde ou azul.